Da redação – O governador da Bahia, o petista Rui Costa, declarou-se contrário à decisão de seu partido em boicotar a posse fraudulenta de Jair Bolsonaro à presidência da República.
Com a seguinte declaração, “Não quero comentar as decisões do partido. Na posse de Dilma também tiveram partidos e parlamentares que não compareceram. Isso em um ambiente democrático não é bom. Como não é bom também você fazer campanha dizendo que vai eliminar metralhar, adversários políticos. Você cria um ambiente em que você ultrapassa o limite do debate político”.
Quer dizer, para Costa não boicotar a posse de um governo ilegítimo, isto é não reconhecer a fraude antidemocrática, seria um ato ruim para o “ambiente democrático”.
Entretanto, o que esquece Rui Costa é que justamente a ruptura do suposto “ambiente democrático” já ocorreu. Primeiro quando, passando por cima do voto de mais de 55 milhões de brasileiros, os golpistas derrubaram Dilma Rousseff.
Depois, quando contra a vontade da maioria da população, impediram Lula de ser candidato, prendendo-o de maneira ilegal e totalmente arbitrária.
Ou seja, o suposto “ambiente democrático” que Rui Costa não quer atacar já não existe mais a muito tempo. Na verdade, Rui Costa deixou muito claro que o que ele realmente quer é que a esquerda não enfrente o governo Bolsonaro, isto é, quer que a esquerda reconheça a fraude eleitoral feita para aprofundar os ataques dos golpistas contra a população.
Por isso, Costa diz que a atitude de seu partido “ultrapassa o limite do debate político”. Quer dizer, para ele trata-se de apenas um “debate político”. Para ele, não é que os golpistas estão impondo um regime de forças antidemocráticas para atacar a população e perseguir o movimento operário e popular; como bom oportunista burguês, suas divergências com Bolsonaro seriam puramente técnicas, podendo ser resolvidas por meio do debate político.
Fica então muito claro o papel da ala direita petista no processo golpista. São esse mesmos que, antes de impedirem Lula de ser candidato, pressionaram o PT para que esse o abandonasse, inclusive defendendo uma aliança com Ciro Gomes – que está articulando um bloco político para dar estabilidade ao regime bolsonarista, com uma oposição consentida pela direita.
Nesse sentido, a proposta de Rui Costa é a mesma de Gomes, criar uma oposição de mentira à Jair Bolsonaro para manter uma ilusão na democracia burguesa, totalmente esmagada pela direita.
É por isso que se faz importante denunciar a política oportunista da direita do PT de virar a página do golpe. O governador da Bahia é um inimigo da população, como ficou claro em suas ofensivas neoliberais para privatizar empresas públicas. Rui Costa se mantém no poder do maior estado do Nordeste por conta de suas alianças com as oligarquias bahianas – os carlistas, cria da ditadura militar.