O Esquerda Diário é o sítio na internet do grupo MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores), corrente que é um racha do PSTU do início dos anos 2000 e que agora pleiteia a entrada no Psol. Em editorial chamado “Debate de estratégias na esquerda frente ao novo ciclo da luta de classes internacional”, o grupo procura analisar os recentes acontecimentos em vários países da América Latina.
A pretensão do artigo é chegar a uma conclusão sobre o que ele chama de “estratégia” para a esquerda diante da situação política. Depois de muita análise sobre o Chile e a Argentina principalmente, a conclusão do MRT é incrível: eleição.
Depois de criticar os governos reformistas na Argentina, Brasil e Chile como grandes cúmplices da direita e entre as críticas afirmar que a política desses partidos, como o peronismo na Argentina e o PT no Brasil, serve para conter as massas, o MRT explica que “travou um combate a partir do PTS (Partido de Trabalhadores Socialistas) e da FIT-U (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade) para desmascarar que o peronismo foi cúmplice dos ajustes de Macri e que não se pode ter expectativa de que, em meio à crise econômica, este deixe de atacar os trabalhadores e o povo, como já se demonstraram os acordos com o FMI que Fernandez quer cumprir.”
Ou seja, o exemplo de luta ou a estratégia para as massas proposta pelo MRT são as eleições. O MRT diz que as eleições “consolidaram Nicolás Del Caño (que ficou em quarto lugar), Myriam Bregman (que teve mais de 6% para deputada federal e quase foi eleita) e outras personalidades com muito respeito entre as massas como nunca teve a esquerda argentina.” Não que a FIT tenha sido um sucesso eleitoral, mas que teria se apresentado à parte da polarização no País. “Ainda que seja minoritário do ponto de vista eleitoral, tem 40 parlamentares e grandes figuras reconhecidas”.
O MRT e sua corrente na Argentina tentam fugir do “eleitoralismo”, mas a receita não é nada mais do que eleitoral. Uma “alternativa” eleitoral, um “polo” eleitoral, uma “lição eleitoral” para a esquerda brasileira. O Psol, grupo que o MRT critica por sua aliança eleitoral com partidos de direita também se di diferente do PT. A grande pergunta seria qual é a diferença?
É simples, tanto o Psol no Brasil, grupo que o MRT sonha em entrar, como a FIT na Argentina, são diferentes do PT e do peronismo apenas na medida em que não são forças eleitorais. No discurso, fica fácil fingir ser diferente.
Diante da crise profunda da revolta popular na América Latina, a estratégia principal do MRT é uma frente eleitoral, é o exemplo da Argentina. A luta das massas pela derrubada do governo golpista no Brasil, pelo fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula, um preso político do regime golpista, passa longe da “estratégia” do MRT.





