O povo sabe que é fraude: votos nulos no maior patamar em 20 anos

O povo se afasta do processo eleitoral quando perde a confiança no pleito e nas instituições em geral. Com as eleições promovidas pelos golpistas, não é diferente. As pesquisas mostram um expressivo crescimento dos eleitores que manifestam o desejo de anular o voto ou de votar em branco. A um mês da votação em primeiro turno para Presidente da República, 13% dos eleitores revelam essa intenção, levando o país de volta à era dos governos neoliberais de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições de 1994 e 1995, esses índices chegaram a quase 19% do eleitorado, retrocedendo para a casa dos 8% a 9% durante os governos do Partido dos Trabalhadores. O número cresceu em relação as pesquisas anteriores à retirada de Lula das urnas, quando chegava a 11%.

 

Índices de votos válidos, nulos e brancos.
Eleição Votos total Votos vál. % v.v. Nulos % Nulos Branco % Br. Total n+br % total
1989 72.280.909 67.631.012 93,6% 3.473.484 5,1% 1.176.413 1,7% 4.649.897 6,4%
1994 77.898.464 63.262.331 81,2% 7.444.017 9,6% 7.192.116 9,2% 14.636.133 18,8%
1998 83.297.863 67.722.565 81,3% 8.886.895 10,7% 6.688.403 8,0% 15.575.298 18,7%
2002 94.802.339 84.952.512 89,6% 6.976.107 3,0% 2.873.720 7,4% 9.849.827 10,4%
2006 104.820.459 95.996.733 91,6% 5.957.521 5,7% 2.866.205 2,7% 8.823.726 8,4%
2010 111.193.747 101.590.153 91,4% 6.124.254 5,5% 3.479.340 3,1% 9.603.594 8,6%
2014 115.122.611 104.023.543 90,4% 4.420.488 3,8% 6.678.580 5,8% 11.099.068 9,6%

 

Tal indisposição para legitimar a escolha de candidatos que atacarão seus direitos é ainda mais acentuada se considerado o elevado índice de não comparecimento dos eleitores. Para a população sem recursos, que vive em periferias afastadas do local de votação nas cidades, ou que vive em regiões remotas no campo, votar representa um custo expressivo de deslocamento. Proporcionalmente, quanto maiores os índices de votos nulos e brancos, maior também é o índice de não comparecimento às urnas. Em 1998, por exemplo, somente a abstenção chegou a 21% dos eleitores. Se igualada essa porcentagem, pode-se chegar a um índice de alienação eleitoral da ordem de um terço do eleitorado: um alto valor que coloca em xeque a legitimidade do governo seguinte.

 

Índices de alienação eleitoral
Eleição Eleitores V. válidos % v.v. Nulos % Nulos Branco % Br. Abstenções % Abs. Total % total
1989 82.074.718 67.631.012 82,4% 3.473.484 4,2% 1.176.413 1,4% 9.793.809 11,9% 14.443.706 17,6%
1994 94.732.410 63.262.331 66,7% 7.444.017 7,8% 7.192.116 7,5% 16.833.946 17,8% 31.470.079 33,2%
1998 106.071.846 67.722.565 63,8% 8.886.895 8,3% 6.688.403 6,3% 22.773.983 21,5% 38.349.281 36,1%
2002 115.252.326 84.952.512 73,7% 6.976.107 2,4% 2.873.720 6,0% 20.449.987 17,7% 30.299.814 26,3%
2006 125.913.134 95.996.733 76,2% 5.957.521 4,7% 2.866.205 2,2% 21.092.675 16,7% 29.916.401 23,8%
2010 135.804.043 101.590.153 74,8% 6.124.254 4,5% 3.479.340 2,5% 24.610.296 18,1% 34.213.890 25,2%
2014 142.822.046 104.023.543 72,8% 4.420.488 3,1% 6.678.580 4,6% 27.699.435 19,4% 38.798.503 27,2%

 

Evidentemente, as pesquisas não revelam as abstenções – já que o entrevistado é obrigado a optar. No caso atual portanto, das eleições golpistas, a elevação da taxa de intenção de votos inválidos corresponde aos eleitores que pretendiam votar em Lula e preferem não votar em ninguém a participar de um processo destinado a legitimar um governo que fatalmente aprofundará os ataques à população iniciados por Temer e sua camarilha golpista.

Na esperança de estancar a evasão, os golpistas lançaram mão dos mais variados recursos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou em todos os meios uma campanha contra o voto nulo; foram lançados diversos candidatos de direita, de “centro” – na verdade de direita –, e de esquerda pequeno-burguesa de modo a tentar cativar o eleitor que não poderá mais votar em Lula. O esforço vem sendo em vão. Sem Lula nas urnas, o povo dá de ombros. O povo sabe que só Lula representaria a classe trabalhadora, e que somente a imposição de sua candidatura pela mobilização popular representaria uma passo decisivo para a derrota do golpe. O povo sabe, enfim, que eleição sem Lula é fraude.

 

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