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Caso Bolsonaro: 7 vezes em que a burguesia fez o povo votar em um “monstro” para fugir de um “espantalho”

Neste artigo iremos citar alguns casos em que a burguesia utilizou um candidato espantalho para inflar algum político reacionário e sair fortalecida do processo eleitoral. A questão volta à tona com estas eleições, em relação ao Bolsonaro, que está sendo utilizado pela direita para fazer o povo votar em qualquer monstro, como Alckimin, Ciro Gomes e Marina Silva. À seguir uma pequena de lista de vezes em que utilizaram o truque do “voto útil” para enganar o povo:

 

1. No colégio eleitoral, apoiar o MDB contra a ARENA

O primeiro exemplo que iremos usar são as eleições que levaram, em 1985, Tancredo Neves e José Sarney para a presidência da República. Durante a crise fatal da ditadura militar, quando o partido da ala direita do regime militar, a ARENA-PDS, estava totalmente desgastado, e logo após a intensa campanha e a derrota das Diretas Já, que procurava canalizar as mobilizações operárias para a via eleitoral, durante a votação indireta para a presidência da República, por meio de um colégio eleitoral, a campanha do espantalho contra Paulo Maluf, um político altamente detestado pela população, serviu como meio de eleger representantes supostamente democráticos da ditadura militar.

Uma coligação do MDB e da Frente Liberal (recém saída da ARENA), com Tancredo Neves, um político tradicional da burguesia brasileira que havia diversos laços com políticos da ala direita, e José Sarney, um representante da burguesia mais retrógrada do Maranhão que saiu da ARENA para criar um partido fictício e participar das eleições sob a chapa do MDB, foram apoiados pela esquerda como progressistas para combater Paulo Maluf, o espantalho da época, utilizado propositalmente para inflar Neves e Sarney. Este fenômeno representou um enfraquecimento da esquerda, que acabou sendo totalmente desmobilizada pelo governo ditatorial de José Sarney, que acabou com os últimos vestígios de mobilização operária e popular, reprimindo brutalmente toda greve realizada. Data desta época a repressão carniceira aos operários metalúrgicos da CSN, que foram assassinados e agredidos pelo exército à mando de Sarney.

 

2. Covas contra Francisco Rossi, 1994

Nas eleições estaduais para governador de São Paulo, em 1994, o representante de FHC para o governo do Estado, Mário Covas, do PSDB, foi apoiado pela esquerda para combater o espantalho Francisco Rossi, uma figura medíocre da política brasileira, que foi totalmente desmoralizado pela imprensa burguesa por conta das constantes denúncias de corrupção que havia contra ele, que o tornavam odiado aos olhos dos professores. A eleição do Covas, com o apoio da esquerda, serviu para enfraquecer todos os trabalhadores diante das privatizações promovidas por Covas, que seguia a linha política de Fernando Henrique Cardoso. Foi a eleição que deu ao PSDB a primeira vitória lhe concedendo o controle absoluto do aparelho de Estado e que até hoje la reina, no estado mais importante do país.

 

3. Covas contra Maluf, em 1998

Não bastasse as eleições de 94, a esquerda também optou por apoiar a reeleição de Covas em 1998 para barrar Paulo Maluf, que continuou na época sendo utilizado como espantalho para inflar os candidatos direitistas. Vale dizer que o PSDB estava saindo do primeiro governo totalmente em crise, por conta das privatizações e as políticas anti-populares, mas mesmo assim a esquerda, ao invés de aproveitar a crise, decidiu chamar o voto em Mário Covas para não eleger o “monstro” Paulo Maluf. O que é importante ressaltar aqui é que o “bonzinho” que ganhou as eleições contra Maluf foi responsável por um verdadeiro terrorismo de estado contra os professores, método usado até hoje pelos governos do PSDB, como se percebe com Beto Richa do Paraná.

 

4. Eleições francesas de 2002

Em 2002,  nas eleições presidenciais francesas, a esquerda francesa apoiou a reeleição do governo de Jacques Chirac, que saía de seu primeiro mandato totalmente odiado pela população, para não eleger a extrema-direita. A Frente Nacional, representada por Jean-Marie Le Pen, era o espantalho do momento. A campanha terrorista feita contra o fascista Le Pen fez com que o povo votasse em um direitista altamente impopular como Chirac. As eleições fizeram o milagre de eleger um político odiado com mais de 80% dos votos, demonstrando a força que iria começar o segundo mandato direitista de Chirac. Neste caso, seria ate melhor uma vitória de Le Pen, que diante da crise, não seria capaz de governar sem a legitimidade da população e sem o apoio da principal ala da burguesia.

 

5. Eleições francesas de 2017, Macron “o democrata”

Em 2017, na França, mais uma vez o espantalho usado foi a Frente Nacional, desta vez com a filha de Jean-Marie, Marine Le Pen. Os franceses elegeram Emmanuel Macron com quase 70% dos votos para conter o “monstro” da Frente Nacional. Vale dizer que Macron implantou uma política tão direitista quanto Le Pen em relação aos imigrantes e ataques aos trabalhadores franceses, porém por conta do espantalho, detém agora apoio dos dois principais partidos franceses, ou seja, de quase 100% do parlamento francês para levar adiante sua política reacionária.

 

6. Bernie Sanders X Hillary Clinton para enfrentar Trump

Em 2016, nas eleições primárias do partido Democrata norte-americano, para definir o candidato do partido que iria disputar contra Donald Trump, o imperialismo fez a campanha de que Bernie Sanders, da ala esquerda do partido, não teria condições de derrotar Trump e por isso era necessário votar para que Hillary Clinton fosse a candidata contra os republicanos, e de fato ganhou com uma vitória apertada. E logo após, Trump foi feito de espantalho para eleger a candidata principal do imperialismo, Clinton, que teria levado adiante toda uma política de guerra contra os países oprimidos, fortalecendo a política assassina do imperialismo. Por sorte, apesar de Hillary ter ganho nos votos, Trump virou presidente por meio dos colégios eleitorais e aprofundou a política de crise do imperialismo.

 

7. Eleições Paraguaias

Nas últimas eleições paraguaias, a esquerda que sofreu o golpe de estado se recusou de participar das eleições fazendo uma frente política com o candidato de direita Efraín Alegre, do PLRA, para unificar em torno de uma frente única contra a extrema-direita, representada pelo partido Colorado, que já estava no governo. Acabou que Mario Abdo Benítez, candidato dos colorados, ganhou as eleições, o que levou a uma derrota total da esquerda paraguaia, que abriu mão de sua independência e ainda perdeu as eleições.

 

Conclusão

No Brasil, os golpistas estão tentando levantar a mesma política. O espantalho do momento é Jair Bolsonaro, candidato da extrema-direita que é apresentado pela imprensa burguesa como um monstro e fazer a população apoiar qualquer outro falastrão direitista pseudo-democrático, como Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva, e desta forma a principal ala dos golpistas sair fortalecida por meio de um apoio contra Bolsonaro. É importante dizer que a diferença entre Bolsonaro e estes outros candidatos está apenas na vestimenta, o diabo que se veste de padre continua sendo o diabo, e Bolsonaro está sendo usado para inflar algum reacionário vestido de padre.

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