A partida amistosa que a seleção nacional de futebol da Argentina realizaria no próximo sábado, dia 09, contra a seleção israelense, foi cancelada. O órgão oficial do futebol argentino, a AFA – Associação Argentina de Futebol, confirmou na terça-feira, dia 05, o cancelamento do amistoso preparatório da seleção alviceleste à Copa do Mundo da Rússia, que terá início no dia 14 de julho. Os argentinos têm sua estréia marcada para o dia 16, contra a Islândia.
A partida seria realizada, inicialmente, em Haifa, no norte de Israel e estava cercada de grande expectativa, pois vinha sendo anunciada como parte dos festejos comemorativos aos setenta anos de fundação do Estado Hebreu, criado em 1948. As autoridades israelenses esperavam transformar o evento esportivo em apoio político pró-Israel, num momento em que ocorrem protestos em várias partes do mundo contra mais uma ofensiva criminosa do estado judeu contra os palestinos, com registro de centenas de mortos e feridos.

A pressão e a campanha pela desistência da seleção argentina em realizar o amistoso cresceu depois de uma decisão de transferir a partida para Jerusalém, a pedido da ministra da Cultura e Esportes israelense. Desde quando anunciou para o mundo a decisão de fazer de Jerusalém a capital de Israel, eclodiram protestos em todos os territórios ocupados. Os palestinos reivindicam o norte de Jerusalém como a capital de um futuro estado palestino. Israel considera a cidade como indivisível e desde então os conflitos entre a população palestina e o exército de ocupação judeu se intensificaram, com a costumeira, habitual e criminosa brutalidade que sempre marcou a repressão contra os palestinos, legítimos ocupantes históricos da região.
Cartazes afixados em pontos de cidades nos territórios ocupados propagandeavam a rejeição dos palestinos à realização da partida, com referências principalmente ao principal jogador argentino, Lionel Messi, que goza de grande prestígio no mundo árabe. Nos territórios ocupados, a camisa 10 do atacante do Barcelona é a mais cobiçada, principalmente entre os jovens palestinos.

Além dos protestos nos próprios territórios ocupados, simpatizantes e apoiadores da causa palestina também realizaram atos de protesto em Barcelona, sede do clube onde atua Lionel Messi, cidade catalã onde a seleção argentina realiza sua preparação ao mundial. A ministra do Esporte e da Cultura de Israel, Miri Ragev, tentou minimizar os motivos reais do cancelamento da partida afirmando que a não realização “do amistoso se devia “exclusivamente às ameaças dos terroristas contra Messi, membros de sua família e outros jogadores argentinos”. A ministra, no entanto, não deu maiores detalhes sobre essas ameaças. (site Chuteira F.C., 06/06).
A Federação Palestina de Futebol, através do seu presidente, Jibril Rajoub, “afirmou que o cancelamento representa um “cartão vermelho” para Israel. “O que aconteceu é um cartão vermelho do resto do mundo aos israelenses”, declarou o dirigente à imprensa, agradecendo aos argentinos por terem cancelado a partida. “Rajub teria pedido no domingo a Messi, uma estrela nos territórios ocupados, assim como no resto do mundo, que não jogasse, e solicitou aos palestinos que “queimassem” a sua camisa se fosse necessário” (Idem, 06/06).