Em meio à grande crise em que o governo golpista se encontra, as ameaças dos militares de tomar o poder têm se tornado cada vez mais frequentes. Entre ameaças mais disfarçadas e ameaças abertas, as Forças Armadas vêm se impondo no Regime Político por meio de intensa chantagem.
Recentemente, o General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva publicou um artigo extremamente pernicioso. Travestido de texto acadêmico, o artigo é uma gravíssima ameaça aos setores que vêm resistindo à dominação imperialista.
Logo no início do texto, o general se queixa do fato de que os militares são proibidos de participarem de discussões políticas em público. Ou seja, para o general, situações como o golpe de Estado virtual dado por Eduardo Villas Boas na véspera de uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) não deveriam acontecer apenas em momentos de maior desespero do imperialismo, mas sim ininterruptamente. Em resumo: o general propõe que se instaure uma ditadura militar virtual no Brasil.
Após tentar justificar esse crime contra a classe trabalhadora brasileira, o general explica porque a “opinião” dos militares seria tão importante. Segundo ele, um chefe militar é muito mais competente que um civil,” pois lhes faltam conhecimento e experiência para assessorar o nível político-estratégico sobre segurança e defesa nos campos interno e externo”.
Além de declarar abertamente que o país seria melhor governado se tivesse o apoio dos militares, o general deixou claro que isso só não acontece por causa da esquerda. Isto é, como não é uma tradição de governos de esquerda se alinhar com exércitos de comando pró-imperialista, a ausência de militares no Regime Político seria de pura responsabilidade dos setores mais progressistas da sociedade.
Em uma parte do texto, o general defende a famosa tese direitista do “apartidarismo”: “o regime militar já afastara as FA da influência político-partidária, fator de quebra da disciplina, hierarquia e coesão”. Ou seja, se o Exército não permite a influência político-partidária, isso significa que ele só permite que o imperialismo comande suas tropas. Afinal, é impossível ser imune a “influências político-partidárias”, e a tentativa de esconder isso é justamente a colaboração com a ideologia dominante, conservadora: a burguesa.
Cada vez mais, as Forças Armadas vêm deixando claro que seus inimigos não são os “corruptos”, mas sim a esquerda. Por isso, é necessário que todos os setores progressistas e democráticos se mobilizem contra o iminente golpe militar.