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Ato classista e sem golpistas

1º de Maio aponta perspectivas da esquerda diante da crise

Ato organizado pelo PCO e pelos Comitês de luta apontou a necessidade da mobilização e de uma política independente dos golpistas

Na última sexta-feira, 1º de maio, dia internacional de luta dos trabalhadores, o Partido da Causa Operária em conjunto com os Comitês de Luta de todo o país organizou um ato presencial com centenas de militantes e ativistas de diversas regiões do país. O ato consistiu em um verdadeiro marco na situação política nacional, uma vez que praticamente todos os setores da esquerda  adotaram a politica capituladora imposta pela direita golpista de “ficar em casa” enquanto a milhões de pessoas do povo pobre e trabalhador passa fome e está morrendo por conta da crise econômica e da pandemia do coronavírus.

Um exemplo claro desta política de submissão aos setores golpistas pôde ser vista no “ato” virtual “unificado” convocado pelas “centrais” sindicais, onde além de não haver uma manifestação pública, estiveram presentes figuras inimigas declaradas de toda a classe trabalhadora nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, responsável por ter levado à fome e à miséria milhares de brasileiros, além de ter entregado de bandeja para o imperialismo uma grande parte do patrimônio nacional, e Marina Silva, candidata de setores do imperialismo e da direita, nas últimas eleições presidenciais.

Também foram convidados, por setores direitistas do movimento sindical (e fizeram desfeita aos anfitriões), os presidentes da Câmara e do Senado, ambos do DEM, partido da ditadura militar, Rodrigo Maia e David Alcolumbre, autores de propostas como a “reforma” da previdência e a “reforma” trabalhista, que colocam um fim em direitos básicos da população, os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, João Dória (PSDB) e Wilson Witzel (PSL), verdadeiros carniceiros do povo pobre nas periferias.

O 1º de maio com bandidos políticos organizados pelas “centrais” sindicais demonstrou até onde vai a política de “frente ampla” levada em frente pelos setores mais direitistas, como o PCdoB, a Força Sindical, a ala direita do PT, os quais se aproveitam da paralisia de quase a totalidade das direções de esquerda para colocar todo o movimento de luta dos trabalhadores e dos setores populares à reboque dos interesses de seus principais inimigos de classe, aqueles que organizaram o golpe de estado de 2016, a prisão do ex-presidente Lula e aprovaram todas as medidas de ataque contra os trabalhadores dos governos Temer e Bolsonaro. Uma derrota política sem precedentes.

Nesse sentido, o ato organizado pelo Partido da Causa Operária foi uma marco, um divisor de águas, ao demonstrar, primeiramente, a necessidade de se organizar e colocar em prática a mobilização popular. O Ato fez um chamado a seguir o exemplo dos trabalhadores de outros países, como no Chile, que estão saindo às ruas para lutar pelos seus direitos e contra o governo de extrema-direita.  Sob o lema de “se posso trabalhar, eu posso me manifestar” a classe operária chilena foi às ruas para denunciar a ausência de qualquer política que de fato garanta a vida da população durante a pandemia, além de enfrentar o governo fascista que age abertamente para matar o povo.

Tal situação não é diferente da vivida pelo povo brasileiro. A “quarentena” defendida de maneira histérica pela esquerda pequena-burguesa nacional, é uma realidade para uma pequena minoria da população, para a burguesia e setores da classe média, a quase totalidade da classe trabalhadora continua trabalhando sem qualquer assistência e morrendo quase que cotidianamente, como é o caso dos trabalhadores dos correios, os trabalhadores da construção civil, dos transportes, dos supermercados, etc.

Os golpistas, seguindo a ordem de seus patrões, os grandes capitalistas, partem agora para por fim a limitadíssima “quarentena” com o objetivo de salvar os lucros da burguesia. Ou seja, para salvar um punhado de empresários e banqueiros vão aumentar de maneira exponencial o já alarmante genocídio social que vêm ocorrendo no país. Nesse sentido, o ato de 1 de maio do PCO e dos Comitês de Luta defendeu a necessidade de se mobilizar não só para defender a manutenção do isolamento social, mas pela sua extensão para a imensa maioria da classe trabalhadora, garantindo todos os direitos políticos do povo e  exigindo do estado todas as condições para garantir a vida da população, como os testes massivos, construção de hospitais e outros equipamentos públicos, contratação em larga escala de profissionais da saúde, garantia do emprego e dos salários, nenhuma demissão, nenhum rebaixamento salarial, entre outras reivindicações.

Em um segundo aspecto, o ato de 1º de maio classista e sem golpistas apontou sobre a necessidade da esquerda ter uma política independente de todos os setores golpistas. O ato demonstrou que é preciso travar uma luta política muito dura contra a política de “frente ampla” levada adiante por todas as direções de esquerda nacional, impulsionada principalmente pelos setores mais direitistas, como o PCdoB, a própria Força Sindical, a ala direita do PT, entre outros. Em nome de combater a “barbárie”, que seria o Bolsonaro, este setores querem se unir com os ditos “civilizados”, como Fernando Henrique Cardoso, os governadores “heróis do povo”, como João Dória (PSDB), Wilson Witzel (PSL), Ronaldo Caiado (DEM/UDR), Eduardo Leite (PSDB), ou seja, os pais de Bolsonaro, aqueles que organizaram o golpe de 2016 e contribuíram de maneira prática para o crescimento da extrema-direita no País.

Ó 1º de maio sem golpistas demonstrou que é necessário e urgente que todos os setores classistas do movimento operário e da esquerda, todos aqueles que lutaram na prática contra o golpe de 2016, contra a prisão de Lula, contra a “reforma” da Previdência etc. rompam com a política de derrota imposta pelos setores direitistas, a “frente ampla”, e atuem na construção de uma política independente de todos os golpistas. O ato apontou a necessidade de se exigir das principais organizações operárias do país, como a Central Única dos Trabalhadores, a convocação de uma conferência que reúna todos os setores de esquerda, os movimentos populares, os partidos e sindicatos para se estabelecer um programa de luta, que impulsione a criação dos conselhos populares e estabeleça um eixo de mobilizações contra Bolsonaro e todos os golpistas.

 

 

 

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