O Quilombo dos Palmares está no imaginário popular brasileiro como sendo um dos maiores símbolos de luta de nosso povo contra a opressão das classes dominantes ao longo da história do país. Ao contrário do que a burguesia tenta fazer, escondendo o fato histórico e caluniando seus líderes, o fato é que a história de luta do povo negro presente nesse episódio por si só já acaba com as ideias – muito presentes na esquerda pequeno burguesa, inclusive – de que o povo brasileiro não é um povo de luta.
Já no final do século XVI encontram-se vestígios do início do Quilombo dos Palmares. Ao contrário do que muita gente pensa, o quilombo se desenvolveu não apenas em uma única comunidade, mas em um conjunto de comunidades que juntas chegaram a ter cerca de 30 mil pessoas, sendo a maior delas a comunidade do Macaco, com leis, regras e economia própria.
Dentre as leis, destaca-se a pena de morte por adultério, assassinato e roubo, além da punição aos escravos que abandonassem o quilombo e voltassem de livre e espontânea vontade para seus antigos donos, o que era encarado como traição.
A economia se baseava na agricultura das férteis terras da Serra da Barriga, no Alagoas, local onde as comunidades se encontravam. Porém, as comunidades também trabalhavam com ferro e com outros materiais, já que muitos dos escravos fugidos possuíam conhecimentos técnicos que ajudaram a desenvolver a região na época.
Desde seu início os Palmares sofreram com a repressão e a guerra por parte da coroa portuguesa e, durante o período em que os holandeses dominaram a região do Pernambuco, também se enfrentaram com estes últimos.
Acontece que por conta da organização dos quilombos, da geografia privilegiada e o desenvolvimento agricultura que permitia a subsistência de seus moradores, o enfrentamento e o desmantelamento dos quilombos não era fácil, fazendo com que os palmarinos colhessem inúmeras vitórias.
Porém, em 1677, uma expedição consegue invadir o povoado de Amaro, matar vários líderes importantes e ferir o principal deles, Ganga Zumba, além de matar mais de 200 pessoas. Temendo que a repressão se intensificasse, Ganga Zumba resolve realizar um acordo com o governo, capitulando diante da situação e aceitando condições como a devolução de todos os escravos fugidos que não tivessem nascido no quilombo. O governo, por sua vez, já visando as férteis terras dos Palmares, promete deixar que se constitua um quilombo em outra localidade, conhecido como Cucaú.
Vendo a capitulação de seu líder, a maioria da população do Quilombo dos Palmares não aceita se mudar para o Cucaú, permanecendo em sua terra. Apenas cerca de 1000 pessoas se mudam para o Cucaú. É nisso que se iniciam os principais feitos de Zumbi, que assume a liderança do Quilombo dos Palmares e institui o estado de guerra contra a repressão portuguesa, combatendo a ilusão que consistia em um acordo com os opressores. Nesse período, o quilombo todo se militariza e é imposta uma especie de lei marcial.
Depois de inúmeras tentativas de destruição do Quilombo dos Palmares, a Coroa Portuguesa começou a colher vitórias com a utilização dos bandeirantes. Em um primeiro momento, as tropas foram novamente derrotadas, mas após receberem um auxílio direto do governo, conseguiram montar uma cerca em frente à chamada Cerca Real do Macaco, montada por Zumbi para defender a comunidade do Macaco.
Após um descuido dos palmarinos, os bandeirantes, sob a liderança de Jorge Velho, conseguiram aumentar sua cerca e, no dia 5 de fevereiro de 1694, deixaram-na faltando cerca de 4 metros e meio para encontrar a ponta esquerda da Cerca Real do Macaco. Não restou outra alternativa e os moradores da comunidade tiveram de fugir. Perseguidos, a maioria foi morta pelos bandeirantes, que realizaram um banho de sangue.
Após a destruição da comunidade do Macaco no dia 06 de fevereiro de 1694, as outras comunidades foram sendo destruídas e seus moradores mortos e escravizados.
Zumbi, porém, sobreviveu ao incidente e junto de outros guerreiros criou uma guerrilha para atacar os brancos donos de escravos. A guerra de guerrilhas durou até 20 de novembro, quando Zumbi foi morto, decepado, e sua cabeça foi exibida na tentativa de lembrar aos escravos o seu destino caso fugissem.
O Quilombo dos Palmares representa e lembra o povo brasileiro, em especial a grande maioria da população do país, que é negra, que o povo e a história brasileira são feitos sobre a luta entre as classes, na tentativa de se libertar da opressão imposta.