No dia 03 de setembro de 1658 morria Oliver Cromwell, o lorde protetor da Inglaterra que havia liderado a revolução puritana uma década antes. Cromwell foi uma importante figura desta que foi a revolução burguesa da ilha britânica, durante o seu período de governo o rei foi decapitado, a monarquia abolida e se instaurou o único período de república no país até os dias de hoje. Após a sua morte, por causas naturais, a monarquia foi restaurada e uma revolução muito mais moderada em 1688 estabeleceu o regime da monarquia parlamentar.
Cromwell nasceu em 25 de abril de 1599 em Huntingdon em uma família da aristocracia rural, foi eleito ao parlamento em 1628 e se converteu ao cristianismo puritano na década de 1630. Quando se iniciou a revolução em 1642 se colocou do lado do parlamento contra o rei absolutista e rapidamente foi promovido de liderança de uma tropa de cavalaria à principal liderança do exército revolucionário o “New Model Army” também chamado de exército novo. Com a vitória em 1649 ele participou do processo de condenação do Rei Carlos I à morte.
É importante destacar esse período de sua vida pois coincide com o período mais radical da revolução inglesa, que por causa disso é apagado até os dias de hoje pela historiografia burguesa que apenas fala de guerra civil e não de revolução. Contudo o que houve foi uma enorme mobilização popular e dentre os diversos setores da sociedade que lutavam contra a monarquia alguns podem ser considerados como socialistas, apesar de não seguirem o socialismo cientifico desenvolvido por Marx e Engels. O próprio exército revolucionário tinha uma forte presença desses setores.
Os mais interessantes de serem destacados são os niveladores, que possuíam esse nome pois desejavam nivelar a sociedade acabando com a desigualdade, e os escavadores, ainda mais a esquerda sendo também chamados de verdadeiros niveladores, eram assim chamados por ocuparem terras e começarem a escavar suas plantações. A sua influencia no Exército Novo era muito forte o que fez que um grande setor das tropas defendesse uma nova constituição conhecida como “Acordo do Povo” que advogava o sufrágio universal masculino, eleições a cada 2 anos, liberdade religiosa e fim das prisões por dívida. Foram esses setores que radicalizaram a revolução a ponto de se condenar o rei a morte.
Contudo, como na revolução francesa, a ala da extrema esquerda não possuía força o suficiente e quem tomou o poder de fato foi Cromwell, que já era considerado um radical para época, semelhante aos jacobinos. Após alguns levantes terem sido organizados pelos niveladores e escavadores, em 1653 Cromwell dissolveu o parlamento para tentar estabilizar o regime, o que foi um passo atrás na revolução pois reprimia a ala mais a esquerda, e se tornou o lorde protetor da Inglaterra até a sua morte. Seu filho, Richard Cromweel, assumiu o governo, mas em menos de um ano foi deposto pela forças restauradoras da monarquia.
A revolução também aparece muitas vezes como uma disputa religiosa, contudo com uma analise materialista se compreende que as bases do conflito se davam na luta de classes, em geral as seitas religiosas representavam interesses de classe diferentes. Ou como diria Marx: “Cromwell e o povo inglês pegaram emprestado do velho testamento os discursos, as emoções, e ilusões para a sua revolução burguesa. Quando o objetivo real foi alcançado e a transformação burguesa da sociedade inglesa havia se completado Locke substituiu Habakkuk.”
A revolução Inglesa, liderada por Oliver Cromwell, foi um gigantesco progresso, ela se deu mais de um século antes da famosa revolução francesa de 1789, e em ambas a burguesia ainda adotava uma postura revolucionária. Contudo durante o século XIX, o que ficou explicito nas revoluções de 1848 analisadas presencialmente por Marx e Engels, a burguesia abandonou suas posições revolucionárias, essas seria assumidas pela principal nova classe de explorados, o proletariado.