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Revolucionário Bolchevique

Trótski explica por que defender liberdades, mesmo da direita

Toda supressão de direitos políticos e liberdades, não importando contra quem seja dirigida no começo, no final inevitavelmente recairá sobre a classe operária (Trótski)

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Está em moda, na esquerda brasileira, exigir que se censure as vozes dissonantes do que esse mesmo setor considera como “moralmente aceitável”. No entanto, há nisso um grave equívoco político para o qual o revolucionário bolchevique Leon Trótski já alertava: delegar ao Estado, portanto à burguesia, o dever de combater as tendências fascistas (no Brasil, o bolsonarismo) apenas confundirá a classe operária sobre quem é seu inimigo, fortalecerá o aparato repressivo do Estado e se voltará contra a esquerda revolucionária e verdadeiramente comunista.

O ensinamento de Trótski está expresso num texto, ao qual reproduziremos em sua totalidade, entitulado Por que concordei em comparecer ao Comitê Dies, traduzido do inglês para o português pelo Partido da Causa Operária. Este texto será expresso a seguir:

“Escrito em 11 de março de 1939.

Tradução para o português: Partido da Causa Operária PCO

O seguinte artigo, escrito em 11 de março de 1939, foi publicado pela primeira vez na edição de 30 de dezembro de 1939 do Socialist Appeal. Foi reimpresso a partir de Writings of Leon Trotsky [1939–40] (New York: Pathfinder, 1973). O Comitê Dies era o Comitê de Atividades Não-Americanas da Câmara chefiado pelo democrata do Texas, Martin Dies.

Por que concordei em comparecer ao Comitê Dies? Naturalmente, não para facilitar a realização dos objetivos políticos do Sr. Dies, particularmente a aprovação de leis federais contra um ou outro “partido” extremista. Sendo um oponente irreconciliável não apenas do fascismo, mas também do Comintern atual, sou ao mesmo tempo decididamente contra a supressão de qualquer um deles.

A proscrição de grupos fascistas teria inevitavelmente um caráter fictício: como organizações reacionárias, elas podem facilmente mudar de cor e se adaptar a qualquer tipo de forma organizacional, uma vez que os setores influentes da classe dominante e do aparelho governamental simpatizam consideravelmente com eles e essas simpatias inevitavelmente aumentam em tempos de crise política.

Quanto ao Comintern, a supressão só poderia ajudar essa organização completamente degenerada e ultrapassada. A dificuldade da situação do Comintern é o resultado da contradição irreconciliável entre o movimento internacional dos trabalhadores e os interesses da camarilha dominante do Kremlin. Depois de todos os seus ziguezagues e imposturas, o Comintern obviamente entrou em seu período de decomposição. A supressão do Partido Comunista restabeleceria imediatamente sua reputação aos olhos dos trabalhadores como um lutador perseguido contra as classes dominantes.

No entanto, a questão não se esgota com esta consideração. Nas condições do regime burguês, toda supressão dos direitos políticos e da liberdade, não importa a quem sejam dirigidos no início, no final inevitavelmente pesa sobre a classe trabalhadora, particularmente seus elementos mais avançados. Essa é uma lei da história. Os trabalhadores devem aprender a distinguir entre seus amigos e seus inimigos de acordo com seu próprio julgamento e não de acordo com as dicas da polícia.

Não é difícil prever uma objeção ad hominem: “Mas exatamente aquele governo soviético do qual o senhor participou proscreveu todos os partidos políticos, exceto os bolcheviques?” Totalmente correto; e até hoje estou pronto para assumir a responsabilidade por suas ações. Mas não se pode identificar as leis da guerra civil com as leis dos períodos pacíficos; as leis da ditadura do proletariado com as leis da democracia burguesa.

Se alguém considerasse a política de Abraham Lincoln exclusivamente do ponto de vista das liberdades civis, o grande presidente não pareceria muito favorável. Como justificativa, é claro, ele poderia dizer que foi compelido a aplicar medidas de guerra civil para expurgar a democracia da escravidão. A guerra civil é um estado de crise social tensa. Uma ou outra ditadura, inevitavelmente surgindo das condições da guerra civil, aparece fundamentalmente como uma exceção à regra, um regime temporário.

É verdade que a ditadura na União Soviética não morreu, pelo contrário, assumiu formas totalitárias monstruosas. Isso se explica pelo fato de que da revolução surgiu uma nova casta privilegiada que é incapaz de manter seu regime a não ser por meio de uma guerra civil oculta. Foi precisamente por causa dessa questão que rompi com a camarilha dominante do Kremlin. Fui derrotado porque a classe trabalhadora, em decorrência das condições internas e externas, se mostrou muito fraca para liquidar sua própria burocracia. Não tenho, porém, dúvidas de que a classe trabalhadora a liquidará.

Mas seja qual for a situação na URSS, a classe trabalhadora nos países capitalistas, ameaçada pela sua própria escravidão, deve se posicionar em defesa da liberdade para todas as tendências políticas, incluindo seus próprios inimigos irreconciliáveis. É por isso que não sinto a menor simpatia pelos objetivos do Comitê Dies.”.

L. Trótski, 1939.

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