Na manhã dessa segunda-feira, 8 de agosto, o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, emitiu um comunicado em que denunciava que agentes do FBI invadiram sua residência em uma operação surpresa. A operação, que se iniciou logo pela manhã, durou o dia inteiro. Não ficou claro qual teria sido o motivo da invasão nem o FBI emitiu uma justificativa oficial. Vasculharam de cima a baixo a casa chegando até mesmo a arrombarem seu cofre.
Estão sendo utilizados lá também procedimentos que foram usados contra ex-presidentes aqui do lado de baixo do continente. Tal evento é algo inédito na história do imperialismo americano, como o próprio Trump afirmou em seu comunicado. A operação do FBI contra o ex-presidente vem se somar aos vários outros indícios de que a crise dentro do imperialismo está se intensificando. Se tal coisa pode ser feita até mesmo contra alguém que, além de bilionário, ocupou a cadeira de presidente da nação, imaginemos ao que está sujeito a população do país. Trump pode ser um direitista e neoliberal ferrenho, mas o que está acontecendo contra ele evidencia que o imperialismo está disposto a tudo para proteger seus interesses.
Nesse momento está cada vez mais claro que uma ditadura está gradualmente avançando sobre a população dos EUA e estão usando Trump como desculpa. Tal coisa visa conter a revolta popular que vem se avolumando no país com a crise econômica. Crise essa que se agravou com a política beligerante e ultra neoliberal do “democrático” e identitário governo Biden.
Sob o pretexto de estarem combatendo a corrupção, o fascismo e os fascistas, como dizem ser o ex-presidente Trump, dão mais poder ao Judiciário e à polícia para ações cada vez mais truculentas. Isso enquanto pelo mundo o que os EUA tem feito é justamente patrocinar os grupos fascistas e os golpes de estado como fizeram na Ucrânia.
Ações como essa do poder governamental e imperialista dos EUA contra Trump vimos acontecer também contra Lula, contra Cristina Kirchner e Raphael Correa. Usam todos os meios, mesmo ilegais e arbitrários, para afastar do jogo eleitoral quem consideram como ameaça aos seus negócios. E os órgãos da justiça e as forças policiais são as principais ferramentas. Tais instituições, a história já nos mostrou, estão sempre ao lado da burguesia contra o povo e atuam até mesmo contra os seus próprios integrantes, como o ex-presidente norte-americano.
O pior é que boa parte da esquerda acredita mesmo que ações arbitrárias da espécie estão combatendo o fascismo. Acontecimentos dessa natureza, estes sim, são uma expressão de um estado fascista. Trump, apesar do seu discurso de extrema direita, não instaurou o fascismo no país. Nem promoveu guerras e golpes de estado em outros países durante o seu mandato. Quem está fazendo isso é o “democrático” Biden, aquele que foi apresentado como o “mal menor” na última eleição norte-americana.
Da mesma forma, aqui no Brasil, o “vale-tudo” contra Bolsonaro é tido como uma luta contra o fascismo. E a esquerda mergulha de cabeça nesse discurso que o imperialismo nos impõem aqui também a fim de manter o país mais importante da América Latina sob controle nas eleições. A esquerda parece não notar que o modus operandi do imperialismo se repete. Agora usam o disfarce do combate ao fascismo usando meios ditatoriais, o que poderá instaurar, isso sim, um estado verdadeiramente fascista. E o imperialismo sabe que precisa tomar tais medidas a fim de conter o povo e seus representantes, os quais não lhe interessa ver no poder.
A esquerda que ainda pode ser chamada de esquerda e que não está comprometida com o imperialismo precisa urgentemente olhar a situação do momento com olhos mais críticos. Ou, de outra forma, poderemos acordar em uma bela manhã com o fascismo real nos batendo a porta. O tamanho da crise que o imperialismo e o sistema capitalista enfrenta nesse período está fazendo com que a burguesia adote uma política cada vez mais autoritária. Os indícios estão cada vez mais claros.