No dia 22 de julho, os índios Pataxós iniciaram um movimento de retomada de Terras Indígenas (TI) no sul da Bahia. A primeira retomada foi da fazenda Santa Bárbara, que fica no sul da Bahia, área que está aguardando há sete anos para ser demarcada como TI Comexatiba. Inclusive, a FUNAI publicou em 2015 um Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCDI), que reconhece a presença dos povos Pataxós na região desde o século XVI. A fazenda Santa Bárbara ocupa parte destas TI.
Importante destacar que o processo de demarcação das TI Comexatiba foi iniciado pela FUNAI em 2005, levou dez anos para ser publicado e segue em processo moroso devido a ser a TI com maior número de contestações do Brasil, conforme a advogada do Conselho Indigenista Missionário (CIMI):
“Ao todo, são 156 contestações analisadas. Os indígenas não só enfrentam empresas de produção de celulose, mas também empresários do setor hoteleiro. E, assim como em todo o País, esse território também está, atualmente, com o processo de demarcação travado”, pontua a advogada Lethicia Reis.
O grupo de cerca de 180 pessoas indígenas Pataxós encontraram a sede da fazenda Santa Bárbara abandonada e imediatamente iniciaram a retirada de lixo e do mato. O povo Pataxó denuncia em nota que “Atualmente, empresas de celuloses exploram a área por meio da plantação de eucaliptos e isso traz sérios prejuízos ambientais para toda região, inclusive com desmatamentos e uso excessivo de agrotóxicos. Essas práticas vêm afetando os recursos hídricos ainda existentes na região”.
Suzano Papel e Celulose é uma empresa brasileira de papel e celulose criada em 1924 pelo imigrante ucraniano Leon Feffer. É a maior produtora global de celulose de eucalipto e uma das 10 maiores de celulose de mercado, além de líder mundial no mercado de papel, com cerca de 60 marcas.
As lideranças indígenas da retomada TI Comexatiba, após mais de dez dias da ação de retomada, coloca que o povo está apreensivo: “Nesse momento, nós estamos nos sentindo acuados na retomada porque nós sabemos que os pistoleiros e os fazendeiros estão se organizando, se reunindo em alguma fazenda com a proposta de atacar a gente aqui”.
Este temor é um fato, já que os latifundiários estão à vontade para atacar os indígenas. Finalmente, fazem o que sempre fizeram, mas de uma maneira mais aberta e violenta, ficando evidente a necessidade de apoio aos indígenas que precisam de ter condições para se defender.
É necessário armar os povos indígenas e se organizar em comitês de autodefesa, pois os ataques estão cada dia mais frequentes e mais violentos por todo o Brasil. A expropriação dos latifúndios e a reforma agrária é a única solução para o genocídio dos povos indígenas.