Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Reino Unido

Jeremy Corbyn: a nova etapa do golpe no Partido Trabalhista

Com a crise no regime político inglês a burguesia teme o possível retorno de Corbyn a monobra para que, aquele que uma vez foi o candidato mais popular do país, fique inelegível

Com a crise do regime político na Inglaterra o país se torna mais ditatorial. É preciso que hajam cada vez mais golpes para que os representantes do principal bloco do imperialismo se mantenham no poder. O caso Jeremy Corbyn é o mais escancarado, o ex-líder do Partido Trabalhista sofreu um gigantesco processo de perseguição em 2020 e agora, com a queda de 2 Primeiros Ministros em poucos meses, a perseguição se intensifica. O imperialismo não quer Corbyn no poder de forma nenhuma.

A Inglaterra, desde o ano de 2016, se encontra em uma espiral decadente de crises, o marco inicial foi o Brexit, um referendo em que o imperialismo foi derrotado, a política de sair da União Europeia venceu. O primeiro-ministro conservador James Cameron caiu e assumiu a conservadora Theresa May, foi nessa conjuntura que Jeremy Corbyn ganhou cada vez mais popularidade. Ele havia se tornado o líder do PT inglês assim dando o controle do partido para a sua ala esquerda, algo que havia sido perdido desde a década de 1990.

Corbyn é um antigo trabalhista, agora com 73 anos, ele participou das mobilizações populares das décadas de 1970 e 80 e por isso é ligado aos sindicatos até hoje. Também por isso sua posição tradicional sempre foi de se opor à União Europeia, vista pelos operários ingleses como uma instituição do imperialismo, o que de fato é. A União Europeia é a aliança dos países imperialistas da Europa, uma organização controlada pelos grandes bancos, o motivo claro para a oposição dos trabalhadores.

Em 2017 houve eleições para o parlamento, nas quais os trabalhistas, liderados por Corbyn, ganharam 30 cadeiras, obtendo 30% dos votos totais. A partir desse momento a burguesia inglesa, temendo a vitória dos trabalhistas liderados por sua ala esquerda, começou a tramar um golpe. O Brexit foi a chave, a burguesia fez uma intensa campanha para que Corbyn abandonasse sua posição tradicional, a qual ele cedeu. Quando chegaram as eleições em 2019 elas se tornaram um novo referendo do Brexit e agora quem estava a favor era o conservador Boris Johnson e não Corbyn.

Os trabalhistas assim, capitulando ante a pressão do imperialismo, foram duramente derrotados perdendo 60 cadeiras, enquanto isso os conservadores ganharam mais de 48. A derrota do partido foi a deixa para que a sua ala direita armasse um golpe contra Corbyn visando removê-lo da liderança do partido, assim o mantendo sob o controle do New Labour, ou seja, da sua ala neoliberal. Entre dezembro de 2019 e abril de 2020 houve uma campanha pesadíssima para remover Corbyn da liderança, que obteve sucesso, o substituindo por Keir Starmer.

A campanha contra Corbyn lembrou aquela realizada pela imprensa brasileira contra Lula e o PT. Ele foi acusado de tudo, e uma das principais pontas de lança foi acusá-lo de antissemitismo. O motivo seria que ele se opões as políticas fascistas do Estado de Israel e tem simpatia pelos palestinos. Quando ele se propôs a conversar com representantes dos partidos Hamas e Hezbollah, os mais populares da Palestina e do Líbano, ele foi considerado quase um nazista. O golpe interno no PT inglês garantiu que a burguesia novamente controlasse os dois principais partidos do país.

Passados 3 anos a crise no Reino Unido se torna gigantesca, o apoio a guerra da OTAN na Ucrânia, que criou uma crise econômica quase inédita no país, derrubou o governo de Boris Johnson. Sua seguidora Liz Truss por sua vez não aguentou nem um mês e meio. Agora os conservadores improvisam com o identitarismo, o novo PM é Rishi Sunak, um banqueiro de origem indiana. A crise é tão grande que o espectro de Corbyn volta a assombrar a burguesia inglesa. E agora se arma um novo golpe no PT.

Não só Corbyn foi totalmente escanteado da liderança do partido para quase um pária como agora figuras de destaque do PT afirmam que ele nunca mais poderá nem mesmo se candidatar.  O partido, na verdade sofreu um verdadeiro expurgo com a perseguição a vários membros de sua ala esquerda, liderado por Starmer, o novo líder do partido. É possível que para Corbyn, considerado o favorito para governar a Inglaterra 3 anos atrás, se eleger, ele tenha que se lançar como um candidato independente, pois será proibido pelo Partido Trabalhista.

O que acontece é que a crise no regime político inglês é tão forte que a burguesia tenta a qualquer custo manter um controle total sobre os principais partidos. No caso dos conservadores, nenhuma figura ao estilo de Trump conseguiu crescer e no caso dos trabalhistas a sua capitulação ante ao Brexit impediu que eles vencessem as eleições. Agora que está passado o Brexit eles querem garantir que o PT se mantenha sob o controle de sua ala neoliberal, pois ele tende a voltar ao governo com a desmoralização total dos conservadores.

Outro ponto muito relevante é que a classe operária inglesa começa a se levantar. Há greves em diversos setores operários, que se unificam com outras categorias como os trabalhadores da saúde. Essa é justamente a base social de Corbyn, um governo ligado aos sindicalistas em um momento de ascensão da classe operária é perigosíssimo para o imperialismo inglês. Corbyn, por exemplo, segue participando das mobilizações de rua que vem ganhando força.

O Partido Trabalhista assim se mostra completamente falido, ele não é controlado pelos trabalhadores que supostamente representa, estes que na verdade tem uma relação forte com a ala de Corbyn. Ele é controlado pelo imperialismo, na prática, atua como o Partido Democrático de Joe Biden nos EUA. No Reino Unido os únicos partidos que ganham força agora são os nacionalistas irlandeses e escoceses. A vitória da independência da Irlanda e da Escócia seria uma vitória da classe operária mundial, contudo isso não é o suficiente.

O que falta na Inglaterra é um partido operário que organize os trabalhadores para lutar contra o imperialismo que os oprime e oprime todos os povos do mundo. A OTAN, por exemplo, agora ataca militarmente a Rússia e gera o frio e a fome dos trabalhadores ingleses e europeus. Só um partido operário, sem nenhuma participação da burguesia inglesa, pode se colocar abertamente contra o imperialismo e em total defesa dos interesses dos trabalhadores.

 

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.