O governo do atual governador de SP, Márcio França, vendeu a Companhia Energética de São Paulo por R$ 14,30 a ação, já bem abaixo do valor de R$16,80 que havia sido pleiteado no ano passado.
Quem está comprando uma parte do sistema de distribuição de energia de São Paulo é um consórcio formado pelo Grupo Votorantim e pela Canadian Pension Plan Investment Board.
Veja só, com informações do portal da CUT:
Após inúmeros impasses e batalhas judiciais, o Governo de São Paulo entregou, na tarde desta sexta-feira (19), em um leilão de apenas dois minutos, o controle da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), responsável pela produção de energia do Estado, para o consórcio privado formado pelo grupo Votorantim e o fundo canadense CPPIB.
O consórcio – único que apresentou interesse – irá pagar um valor abaixo do esperado: R$ 1,7 bilhão pela parte do governo das hidrelétricas Porto Primavera, Paraibuna e Jaguari, responsáveis pelo atendimento de 800 mil consumidores. Segundo apurou reportagem da CUT, em agosto, as três hidrelétricas estavam calculadas em R$ 4,7 bilhões e foram responsáveis por gerar lucro líquido de R$ 341 milhões no segundo trimestre deste ano.
“Assistimos a conclusão de um processo de entrega do patrimônio de São Paulo, iniciada pelo governo Mário Covas, em 1996. Praticamente todo o setor elétrico paulista passou para o capital privado, pois agora só resta a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae)”, afirma Wilson Marques, diretor do Sinergia-CUT (Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo).
A privatização da Cesp também coloca em risco os empregos das centenas de trabalhadores e trabalhadoras da companhia, que já foi a maior empresa de energia do país, mas sofreu sucateamento nos governos do PSDB – no comando há 24 anos.
Segundo o Sinergia-CUT, espera-se que as empresas compradoras respeitem os acordos coletivos e cláusulas que têm sido firmados nessas etapas de privatização, garantindo a estabilidade dos trabalhadores por, pelo menos, dois anos e meio, e mantendo os direitos conquistados.
Durante o leilão desta sexta, o Sinergia-CUT realizou protesto em frente à B3, antiga Bovespa, onde ocorreu a abertura do envelope. A base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região também participou da ação no centro da capital paulista.
ROBERTO CLARO/SINERGIA-CUT
Roberto Claro/Sinergia-CUT
Bancários participaram do protesto nesta sexta (19)
Para os consumidores, Wilson explica que a privatização pode significar aumento nas contas, além da perda de controle e fiscalização sobre um bem que deve ser público.
Batalha
O Sinergia-CUT trava há muitos anos uma batalha na Justiça tentando impedir a privatização. Na quinta (18), a Justiça Federal de Presidente Prudente concedeu uma liminar suspendendo o leilão desta sexta, movida por uma ação popular assinada por dirigentes do sindicato. No entanto, o governo conseguiu reverter a situação com uma mandato de segurança concedido pelo Tribunal Regional Federal (TRF).
Além disso, em junho deste ano, o ex-presidente da Cesp, Laurence Casagrande Lourenço, foi preso após a deflagração de uma operação da Polícia Federal com suspeita de participação no desvio de R$ 600 milhões nos gastos das obras do trecho norte do Rodoanel Mário Covas. Laurence dirigia a Dersa na época do desvio. Com a prisão, ele renunciou ao cargo na Cesp.