No dia 17/03/2023, o estado norte-americano de Wyoming proibiu o uso de pílulas abortivas.
Essa proibição da pílula abortiva, um dos métodos mais utilizados para a realização do aborto, é mais um avanço da direita contra o direito da mulher ao aborto no país. Na prática, a proibição do uso da pílula é equivalente à proibição do aborto em si, uma vez que é o método mais viável para a maioria das mulheres. Sua proibição impede a realização do aborto ou até mesmo obriga a mulher a adotar outros métodos menos seguros. É preciso que as organizações das mulheres trabalhadoras se coloquem contra esta medida que ataca as mulheres.
O estado de Wyoming, primeiro estado norte-americano que deu direito ao voto feminino e permitiu participar de eleição, sendo também o primeiro estado a eleger a governadora, cujo lema do Estado é “direitos iguais”, proibiu, no dia 17/03/2023, as mulheres de fazer o uso de pílula abortiva, sendo ao mesmo tempo o primeiro estado norte-americano a proibir. Isso significa uma nova vitória na campanha de governos conservadores para reverter o acesso à interrupção da gravidez. O governador estadual, o republicano Mark Gordon, pediu aos legisladores que incluam a proibição total do aborto na Constituição de Wyoming e a submetam a uma votação pública. Governador do estado quer aprovar lei para proibir totalmente o aborto.
Já no sul, no Texas, um juiz federal pode ordenar pela proibição em todo o país da pílula abortiva aprovada pela FDA. No tribunal federal de Amarillo, Texas, estado sulista, um juiz também deve decidir em breve sobre uma eventual proibição nacional da mifepristona, aprovada há mais de uma década pela Agência Reguladora de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, a FDA. Desenvolvido em 1980 na França, Mifepristona é um dos medicamentos utilizados para interromper a gravidez não desejada. Nos EUA, foi liberado o seu uso a partir de 2000. O aborto por pílulas abortivas corresponde a cerca de 54% de total de quantidade de abortos realizados nos EUA. Mifepristona é utilizado com outro medicamento, misoprostol.
O juiz do Texas, Matthew Kacsmaryk, pode ordenar que a mifepristona, que é comercializada legalmente há anos, seja retirada do mercado em todo o país.
Os legisladores do Texas também estão considerando uma proposta em que os provedores de Internet do estado bloqueiem o acesso a sites onde as pílulas são vendidas e entregues por correspondência.
Desde que a Suprema Corte dos EUA derrubou a decisão histórica de 1973 que estabelecia o aborto como um direito constitucional, ativistas têm buscado maneiras de impedir sua proibição a nível nacional.
Cerca de 15 estados americanos (Alaska, Arizona, Florida, Georgia, Indiana, Iowa, Kansas, Michigan, Minnesota, Montana, Nebraska, Nevada, North Carolina, North Dakota, Ohio, Pennsylvania, South Carolina e Utah) já restringem o acesso à mifepristona exigindo prescrição médica, de acordo com o Guttmacher Institute, que pesquisa saúde reprodutiva.