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Não engana ninguém

Reconhecimento de genocídio na Namíbia é demagogia de Merkel

O governo alemão confessou, recentemente, por genocídio realizado na Namíbia. No entanto, sua política com relação a todos os países africanos segue sendo a mesma de sempre

Na última sexta-feira (28), o governo alemão, como parte de uma gigantesca demagogia, reconheceu publicamente que o massacre dos povos herero e nama na Namíbia, país africano que foi colônia alemã durante os anos de 1884 e 1915, foi um genocídio. Em compensação por esse genocídio, foi oferecido o valor de 1,1 bilhão de euros ao longo de 30 anos. Além disso, outras ações simbólicas serão realizadas, como a visita do atual presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, ao parlamento da Namíbia para um pedido de desculpas, e a utilização da palavra “genocídio” para se referir ao acontecido nos documentos oficiais alemães. 

A medida foi bem recebida pelo governo namibiano, mas os líderes dos povos afetados diretamente pelo crime cometido pela Alemanha colonial não se sentiram muito contemplados com a proposta. A preocupação é que o dinheiro será usado para projetos do governo que nada têm a ver com a melhoria da qualidade de vida dos herero e dos nama.

Laidlaw Peringanda pertence à etnia dos herero e é ativista e chefe da Associação sobre o Genocídio da Namíbia. Ele afirma que, para ele, uma forma de compensar o massacre criminoso perpetrado pelos alemães seria uma grande quantia de dinheiro e terras grandes o suficiente para abrigar o seu povo. No momento a maior parte das duas etnias atingidas pelo genocídio vive em pequenas áreas comunais superlotadas e atribuídas a eles pelo governo. Isso sem falar nas aldeias e favelas, nas quais se amontoam 40% das pessoas que vivem no país.

Um holocausto antes de Hitler

O genocídio dos povos herero e nama da Namíbia entra para a história como um dos maiores crimes cometidos pelas potências coloniais no princípio do sec. XX. A própria ONU considera o massacre como o primeiro genocídio do século passado. 

Entre os anos de 1904 e 1908, as duas principais etnias da Namíbia procuraram se levantar contra os invasores alemães. A resposta do imperador Guilherme II foi despachar para a Namíbia cerca de 14 mil soldados alemães, comandados pelo general Lothar Von Trotha, que já possuía experiência com o massacre de levantes populares anteriores na China e na África Oriental.

A ação dos soldados alemães no país africano foi digna do próprio exército nazista, que só viria a surgir décadas depois. O general Von Trotha enviou uma mensagem para o povo herero, que dava a dimensão de qual seria a sua política com relação aos revoltosos: “Eu, general dos soldados alemães, mando esta carta aos Herero. A nação Herero deve deixar o país … Se recusarem, eu os forçarei com tiros de canhão … Qualquer Herero, com ou sem armas, será executado.”

Ele inclusive declarou para seus soldados que eles não perderiam a honra caso atirassem em mulheres e crianças, incentivando-os a atacarem a população sem perdão algum, colocando em prática uma verdadeira máquina de matar. Os que não morreram nas batalhas fugiram para o deserto e ali morreram de sede e de fome. Foram também montados diversos campos de concentração, para onde foram enviados os capturados pelo exército alemão e ali receberam o pior tratamento possível. O estupro das mulheres era sistemático e tão comum que uma boa parte dos herero hoje possuem ascendência alemã.

No total, foram exterminados 65 mil herero, dos 80 mil que viviam no território dominado pelos alemães. Dos nama, foram cerca de 10 mil dos 20 mil que ali residiam. Trata-se de uma verdadeira limpeza étnica por parte das forças coloniais. Desse massacre, existem os “souvenires” até hoje, cerca de 100 crânios enviados para a Alemanha, para estudos eugenistas. Hoje, o governo alemão pretende devolver as ossadas para a Namíbia, como parte de seu programa de compensação.

De que servem desculpas?

As medidas de compensação alemãs são de envergadura muito pequena perto do massacre cometido naquela região. O valor de 1,1 bilhão de euros a ser pago ao longo de 30 anos é irrisório e, obviamente, não será suficiente para que um país como a Namíbia, extremamente atrasado e com a população em condições muito precárias de vida, melhore a situação de seu povo.

Mas, ainda que se pudesse considerar essa ação demagógica como digna da compensação do que foi feito, é preciso se questionar sobre a política da Alemanha com relação à África como um todo. Será que existe alguma diferença fundamental com relação ao que foi feito no passado? 

Nesses cem anos que se passaram desde o genocídio, a Alemanha continuou a reprimir violentamente os povos da África. Ainda que não haja genocídios como antigamente, as empresas alemãs seguem explorando esses povos, gerando discórdia e guerra entre eles para dividi-los a fim de melhor governar e controlar os seus recursos naturais. Isso sem falar no tratamento dado a africanos e imigrantes em seu próprio território.

Até hoje, é grande a penetração de empresas alemãs nos países africanos, que exploram sua população sem as devidas condições de trabalho e sem devidos direitos trabalhistas. A exploração dos recursos naturais do continente por parte das empresas alemãs também é constante.

Por conta dessa política, que não sofrerá nenhuma alteração, é que se vê com clareza que todos esses pedidos de desculpa são uma gigantesca demagogia. O imperialismo supostamente democrático, não só o alemão, segue se utilizando de sua posição para explorar os países africanos e assim seguirá até que haja um verdadeiro levante que os faça recuar.

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